A capital paraense vem experimentando um crescente avanço imobiliário jamais visto por qualquer geração ainda viva. Salvo o período da Belle Époque - onde os Barões exibiam todo luxo e pompa que os lucros da borracha trouxeram, e Belém viu surgir os casarões e prédios luxuosos, tal como Teatro da Paz, Grande Hotel e os inúmeros palacetes particulares -, não há nenhuma outra época que se compare com a vivida hoje.
O chamado "boom" imobiliário é uma tendência em todo Brasil. As novas políticas de habitação deram o impulso necessário e as construtoras entraram fundo nesse mercado, altamente lucrativo, que não tem data para encerrar. Mas até onde isso traz benefício para as partes? Bem, certamente os atores principais não querem pagar para ver.
Além do setor de moradias, os grandes grupos investidores viram em Belém outro mercado lucrativo: os Shoppings Centers. São centros de compras geralmente destinados à um grupo social de melhor poder aquisitivo, mas que ultimamente tem aberto as portas para qualquer cidadão disposto gastar um pouquinho mais.
Há muito tempo o tradicional Comércio já não é mais o principal corredor de compras da cidade, justamente por conta dos investimentos que aliam conforto, praticidade e um certo grau de exclusividade. Quanto aos preços, depois de conquistar o cliente pela beleza, o valor não importa tanto.
Essa visão de mercado teve início em 1993, com a inauguração do primeiro shopping center de Belém: o Castanheira, controlado pelo Grupo Líder, administrador de dezenas de supermercados e reconhecido como o maior grupo supermercadista do norte. Menos de um mês depois, no dia 27 de outubro, foi inaugurado o shopping Iguatemi Belém, fruto de uma sociedade entre investidores locais e o grupo Iguatemi, do ex-Senador cearense Tasso Jereissati.
Além de serem os pioneiros deste novo mercado, estavam localizados há quilômetros de distância. O primeiro surgiu na entrada da cidade, agregando público de Ananindeua e bairros mais distantes, enquanto o segundo estava no centro da cidade, na charmosa Batista Campos. Já são 18 anos de sucesso absoluto, algumas reformas e até mudança de nome, mas acima de tudo o lucro tem sido extraordinário.
Imediatamente a população aderiu à moda. Rapidamente os shoppings se tornaram centros de compras, locais de encontros, balcão de negócios e até mesmo ringue de lutas para os playboys da cidade, num movimento desenfreado sem previsão de fim. Quanto mais o tempo passava, mais investimentos eram feitos para agregar novos serviços e valores aos investidores e clientes. Durante anos os dois jogaram tranqüilos.
Ao final da década de 90 surge um novo concorrente que aparentava vir para acirrar a concorrência: o Doca Boulevard. Localizado na avenida mais emergente da cidade, a Visconde de Souza Franco, "Doca", o novo shopping trouxe cinema e muitos bares, até então não explorados pelos dois mais antigos. Porém, infelizmente a novidade não agradou. Poucas lojas, área de compras inferior aos demais e a arquitetura um tanto "pobre" fizeram com que este não suportasse a briga, mesmo estando numa área nobre.
Em 2009, o grupo Aliansce e a construtora paraense Status, inauguraram, na mesma área do "finado" Doca Boulevard, o moderno e chique Boulevard Shopping, uma área de compras luxuosa voltado para as classes A e B. Atualmente são três shoppings na cidade e Belém parece suportar mais, por esse motivo os investimento não param.
Grandes empresas de fora negociam com grupos locais e vários projetos já estão prontos, faltando apenas detalhes. Atualmente Belém aguarda mais três lançamentos: shopping Bosque Belém, na Avenida Independência; Parque Shopping e o Montenegro Shopping, ambos localizados na rodovia Augusto Montenegro. Os três aproveitaram o crescimento da cidade e compraram áreas estratégias que até então eram carentes de centros comerciais de grande porte.
Esses novos empreendimentos primam pela nova tendência, que é aliar compras, negócios e moradia, tornando essas áreas praticamente bairros, como o Bosque Belém planeja. Se estes forem concluídos, Belém terá nada menos do que seis grandes shoppings, para uma população de quase dois milhões de habitantes e grandes desigualdades sociais. Será que não é exagero?
Só para concluir, também existem projetos para o shopping do Grupo Yamada e IT Center, isso para ficar na capital. Recentemente se especulou a construção de "maaais" um shopping na área da antiga Cata, na Cidade Velha, também pelo grupo Jereissati, mas aparentemente já abortado. Pode ser que eles sejam os únicos a enxergar o risco de muita oferta e pouca demanda, todavia, geralmente os perdedores nessas horas já são conhecidos...